Tem dias na vida da gente, que são mais duros do que de costume, cheio de coisas pontudas, espinhos, por onde passamos e vamos nos arranhando. No final destes dias tudo que queremos é afundar em almofadas bem macias, sob mantas bem fofas e de preferência comer alguma coisa também macia que é pra não ter que fazer esforços usando forças que já não temos. Em suma, queremos não ter que pensar em nada e se possível, colo e proteção.
É aí que entra o que os americanos chamam de comfort food que pode ser descrita de infinitas maneiras, mas que podemos resumir mais ou menos assim:
são coisas macias e gostosas que quase não requerem mastigação, que restringimos no dia a dia, por inúmeras razões, entre elas, dietas de várias procedências,
que nos trazem aconchego,
que nos alegram a alma,
que nos lembram almoços em família,
que nos lembram colo de mãe,
que nos confortam nas pequenas, médias, grandes e devastadoras dores (no seriado Sex and the City, a personagem Carrie, sempre de pijama e com uma caixa de lenços de papel do lado, comia potes de sorvete cobertos de lágrimas, a cada vez que um relacionamento chegava ao fim).
Uma definição que encontrei do Dicionário Thesaurus diz assim:
Comfort food – comida preparada de maneira simples que dá sensação de bem estar; tipicamente alimentos com alta concentração de açúcar e/ou carboidratos que são associadas à infância ou à comida caseira.
É aqui que entram os cupcakes.
Quando optamos por um cupcake, com ele vem junto muitas coisas, entre elas:
um bolo, que apesar de pequeno, é inteiro pra nós,
se for comido durante o dia, pode ser uma pausa de alegria que separa a parte do dia que já passou e nos dá uma certa força pra enfrentar o resto,
se for comido à noite, pode ser uma forma de gratificação pelo dia que foi enfrentado, uma recompensa,
a proporção harmoniosa entre o bolinho, o recheio, a cobertura e os enfeites é o que vai dar a medida do conforto. Se for grande demais, pesado e com muitos confeitos por cima, já não pode ser chamado de confortável porque tem que mastigar muito e a sobrecarga de gordura e açúcar vai ficar nos lembrando dele de forma não tão alegre,
A gente também pode comer um cupcake por razão nenhuma. Só porque queremos, porque é bom e porque merecemos e estamos felizes.
Tem uma frase que ouvi pela primeira vez em São Francisco quando estudava lá, que diz assim:
“A vida é curta. Coma a sobremesa primeiro.”
Bom cupcake pra você!