Fato é que precisamos sempre de um assunto, um lugar, um personagem, uma pessoa de verdade para virar nosso ídolo – pessoa ou objeto cultuado como deus e venerado, (segundo o bom e velho Aurélio – o dicionário, para quem nasceu na internet) – ou nosso mito – representação simbólica exagerada pela imaginação popular, (velho Aurélio, de novo).
A questão é que somos volúveis e os mitos e ídolos da vez, como não representam a realidade, uma hora desabam e vamos buscar outros, porque parece que a vida real fica sem graça.
Um dos mitos da vez é o Cupcake. O que é Cupcake?
O cupcake para ter esse nome precisa ter um bolinho de base e uma cobertura por cima. Ponto final, caso alguém não tenha reparado no ponto ao final desta descrição.
Recheios e decorações são opcionais.
Tenho ouvido, ultimamente, com certo espanto – do tipo hein?? – o que muitas pessoas, entre elas, fazedores de cupcakes, chefs confeiteiros, jornalistas, professores de gastronomia, vem atribuindo como conceitos, regras, receitas definitivas, condições, explicações a respeito do que é cupcake.
Entre tais regras, posso citar como exemplo:
O cupcake para poder ser chamado de cupcake, deve ter uma cobertura de exatos 7 cm de altura.
O cupcake para poder ser chamado de cupcake não pode ter recheio.
O cupcake para poder ser chamado de cupcake deve ter recheio.
O cupcake para poder ser chamado de cupcake, deve ter uma massa densa para poder receber a cobertura.
O cupcake para poder ser chamado de cupcake, deve ser assado em forma de papel número 00.
O cupcake para poder ser chamado de cupcake, só pode ter cobertura de buttercream.
O cupcake para poder ser chamado de cupcake tem aquela famosa receita 1,2,3,4, referindo-se às quantidades dos ingredientes em xícaras.
Parece que ao contribuir para a sua mitificação, os que estão ao redor da confecção dos cupcakes ou aqueles que se acham sabedores dos detalhes envolvidos no processo, tornam-se automaticamente, pessoas mais evoluídas, conhecedoras de segredos que os pobres mortais não podem alcançar. São capazes de dizer o que está na moda, o que vai passar e assim, formam e desinformam a opinião pública, que por sua vez, se entrega a adoração ou des-adoração da bola da vez.
Moda, pressupõe ascensão e queda de algo. Num determinado momento é um must para em seguida cair em desuso, descrédito e desprezo.
Aí me pergunto – por que um cupcake, lembrando que se trata de bolo com cobertura, cairia de moda? Por que para nascer outro ídolo (boli-pop, whoopies, mini tortinhas, etc), o cupcake tem que morrer. Por que coisas gostosas não podem existir ao mesmo tempo, aumentando nossas opções?
Então, aqui vai o que espero que seja minha contribuição para desmistificar os cupcakes.
Sendo o cupcake uma base de bolo com cobertura, qualquer receita de bolo pode virar um cupcake, desde que testada devidamente. O bolo (cupcake) é meu. Portanto, me dou o direito de rechear, colorir a massa e a cobertura, colocar pedaços de delícias dentro e fora, cobrir com o creme que eu achar que melhor combina, fazer a cobertura em espiral alta, média ou baixa, bolotas grandes, médias ou pequenas, espalhar com a espátula, com a colher, deixando o creme bem baixinho, colocar uma calda incrível escorrendo por todos os lados – ou não.
A única regra aqui na minha confeitaria é buscar sempre a melhor receita, as melhores combinações de sabores, o melhor visual.
Esta flexibilidade me possibilita desenvolver uma infinidade de soluções e propostas para nossos clientes, sempre ávidos por novidades e em busca de um trabalho personalizado que contemple suas necessidades e fantasias.